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Qualificação ou valores?

Postado 08 de Novembro de 2016

* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira

Entendendo que a qualificação é o mínimo necessário para que a pessoa possa iniciar o seu trabalho na função e, a partir daí, melhorar o seu desempenho, fica claro que se uma empresa precisa de um funcionário para trabalhar como soldador, é claro que essa pessoa precisa saber soldar, do mesmo jeito que se uma empresa precisa de um motorista, não dá para esperar o sujeito aprender a dirigir e tirar carteira. Entretanto, de nada adiantará um excelente soldador ou motorista que não possua gravado em seu “DNA” valores essenciais para o bom desempenho da função e da convivência em grupo, por exemplo.

Hoje, no meio empresarial existe o seguinte jargão: as pessoas são recrutadas pelo conhecimento e demitidas pelo comportamento. Entendendo que o comportamento na visão psicológica é o conjunto de atitudes, procedimentos ou reações do indivíduo ao ambiente que o cerca, torna-se possível compreender o quanto o ambiente pode contribuir de maneira positiva ou negativa no comportamento de uma pessoa. Por outro lado, existem pessoas que devido à sua estrutura de valores, conseguem se comportar de forma muito mais positiva que outros, num mesmo ambiente, o que nos leva a crer que parte do comportamento é da pessoa e parte é do ambiente.

Daí fica a seguinte questão: está faltando gente qualificada ou pessoas com valores humanos fortes tais como: comprometimento, boa vontade, paixão pelo trabalho, capacidade e alegria em servir, dentre tantos outros? E essa paixão, será que vem salário que a profissão pode lhe ofertar?

Em minha visão, apesar desses valores poderem ser aprendidos depois de adulto, quando eles são ensinados ainda na infância o resultado é muito melhor, pois, se são valores, deveriam vir de berço, independentemente da classe social ou da remuneração que lhe é ofertada.

Empresas que recrutam pessoas com tais valores até abrem mão de certo nível de exigência de qualificação, sabendo que ela poderá ser rapidamente aprendida, por quem tem em sua estrutura uma boa dose de valores. Em suma: o mundo ideal são pessoas qualificadas e com bons valores, mas, no mundo real, prefiro ensinar pessoas com valores (como os mencionados acima) a ter que ensinar as pessoas com qualificação técnica a terem valores que não foram aprendidos em casa. Se não concordam, pensem comigo: você prefere ensinar uma doméstica a ser honesta ou a lavar corretamente uma roupa? Você prefere contratar um vendedor excelente, mas que adora pegar um “por fora” ou ensinar um honesto a vender?

Por fim, para você leitor dessa coluna, faço uma pergunta: você contrataria alguém com os valores exatamente iguais aos seus? Se sim, ótimo! É sinal de que confia na qualidade de seus valores. Se não, está na hora de repensar os seus valores, lembrando que estes têm relação mais que direta com o seu comportamento.