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O que determina a longevidade de uma empresa

Postado em 18 de março de 2016

* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira

Essa semana estava revirando alguns de meus arquivos e encontrei uma matéria da folha de São Paulo do dia 09 de abril de 2007. O título da matéria era: Após 32 anos, só 23% das empresas mantêm status.

A matéria apresentava um estudo da Fundação Dom Cabral, mostrando que das 500 empresas de maior prestígio que existiam em 1975, 117 haviam desaparecido até o ano de 2007.

Segundo os pesquisadores, o motivo de tantas baixas é porque essas empresas não foram capazes de criar condições para resistir às mudanças nos fatores sociais, políticos e econômicos ocorridas ao longo desses 32 anos. Só para termos uma ideia, neste período (75 a 2007) nós convivemos com hiperinflação, carga tributária inchada, juros altos, desvalorização cambial, cinco moedas e sete planos econômicos.

O SEBRAE, sempre divulga ativamente estatísticas de mortalidade de empresas levado em consideração os 5 primeiros anos, entretanto, estatísticas mais amplas que considerem períodos longos como a pesquisa da FDC, coordenada pelo professor Carlos Arruda, não são comuns. Na própria matéria, o economista Delfim Netto concorda dizendo que, "Quando se levam em conta 30 anos, o cemitério sempre será maior que a maternidade."

De fato, quando analisamos esse período de 30 anos, veremos que muitas empresas precisarão atravessar o chamado “vale da morte”, que é o fim de um longo período de existência e a reinvenção do negócio que permitirá a retomada do crescimento, ou, como em muitos casos, a extinção da empresa. As causas para esse fenômeno já são conhecidas por nós, dentre elas:

  • Objetivos empresariais atrelados aos pessoais: à medida que os acionistas alcançam os objetivos pessoais, eles acabam se acomodando e perdendo o gás que os mantinham motivados a querem sempre mais com a empresa;

  • Capacidade de mudança e adaptação: A baixa capacidade das lideranças em perceber e antecipar mudanças no ambiente interno e externo, de forma a preparar a equipe para uma grande reviravolta;

  • Falta de planejamento para a sucessão: As empresas que não preparam os seus futuros gestores acabam enfrentando grandes problemas para manter o seu ritmo e acabam minguando aos poucos.

Hoje, vivemos no Brasil um sério problema econômico, entretanto, culpar somente a economia é como se revoltar com o seu vizinho por você ser obeso. A grande questão é: o que você fez com o seu negócio em tempos de bonança e do “novo milagre econômico Brasileiro”: investiu em seu negócio? Modernizou seus processos para se tornar mais eficiente? Preparou sucessores? Se antecipou às tendências, ou, simplesmente confiou que estávamos em “Céu de Brigadeiro” e que o momento era de aproveitar a colheita sem se preocupar com novas plantações para o futuro?

Pode parecer estranho, mas em tempos de tantas mudanças, a obsolescência programada parece ser o mais coerente para nos forçar a mudar e a avanças, antes que a mudança nos mude. Taí, busque a mudança antes que a mudança te mude! Essa é a ordem!

Bom fim de semana a todos.