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O dilema das entidades representativas empresariais

Postado em 13 de maio de 2016

* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira

Todo e qualquer movimento associativo surge por dois grandes motivadores: Amor e Dor.

O amor diz respeito ao espírito associativo, de fazer parte, de construir algo em conjunto, AINDA QUE O GANHO NÃO SEJA INDIVIDUAL, BASTANDO QUE ELE SEJA COLETIVO. Já a dor, são os problemas de cada um, mas que pela natureza de cada classe ou categoria, se tornam de todos ou de parte do grupo. Nesta classe estão, por exemplo, impostos, segurança, inadimplência, falta de mão de obra qualificada, etc., etc..

Agora uma pergunta: o que une mais as pessoas, o Amor ou a Dor? A dor nos causa compaixão e nos faz mover. Se eu vejo uma loja sendo assaltada eu me sensibilizo, agora se a minha loja é a que foi assaltada, eu vou querer fazer um algo mais além do sentimento de compaixão, concordam?

Numa comunidade pobre poucos se unem para cooperar e para ajudar aquela comunidade a crescer e a se desenvolver, entretanto, basta uma barragem estourar que o mundo se comove para ajudar.

Para sedimentar essa questão, qual seria sua reação se dois mendigos lhe abordassem na rua, onde um pede um prato de comida e o outro lhe pede para lhe comprar um ingresso para um show sertanejo. Quem você ajuda? O fato: para aliviar a sua dor eu ajudo, mas para um show (lhe dar prazer), “tô fora”!

Vamos voltar ao movimento associativo empresarial. No século passado tínhamos dores comuns e a única saída era nos unirmos para gritar, ser ouvido, fazer pressão e também para termos acesso a informações que sozinhos não conseguiríamos. O serviço de proteção ao crédito é um caso clássico: para não “tomar o cano” eu me associo e juntos, podemos combater os maus pagadores. Concordam?

A partir da lógica da Dor como fator de união, os movimentos associativos empresariais cresceram e pelo seu mérito, muitas dores foram amenizadas e outras até eliminadas. Entretanto, a tecnologia cresceu, entidades como o SEBRAE melhoraram o acesso aos seus serviços, as informações ficaram mais disponíveis com a internet e, como exemplo, hoje para se ter acesso a um bom serviço de proteção ao crédito, nem é mais necessário fazer parte de uma entidade associativa empresarial.

Em suma: as dores que eram a liga das empresas com as entidades foram sumindo ou perdendo a importância e com isso, sumindo foram os associados. Muitos deixaram de ser associados, outros nunca passaram na porta da entidade e outros tantos, deixando de participar e de pensar para frente de forma coletiva (que é a lógica da união pelo amor).

Assim, a duras penas, as entidades vêm tentando gerar benefícios que justifiquem ou que atraiam o associado para assim, justificar a sua existência e a mensalidade cobrada.

Esse movimento de tentar descobrir o que o associado quer, para eu oferecer e assim justificar a minha existência tem causado o que chamo de “Miopia Estratégica”. Essa miopia tem levado as entidades a criarem de forma desesperada serviços que já existem no mercado, gerando concorrência muitas vezes com o seu próprio associado ou sem a competência e a agilidade necessária para fazer esse serviço crescer e ser realmente de boa qualidade.

A saída que penso e que já ajudei muitas associações a pensarem é uma rediscussão sobre a real necessidade de sua existência e quais são as novas dores. Se as dores do passado já não estão mais aqui, novas dores surgiram e vão surgir. Novas dores coletivas ou novas dores por segmento.

Parar e ouvir o associado, separando em seguida o que é papel ou não da entidade, para depois nos reestruturarmos, é a melhor saída.

Se você é empresário de Divinópolis e concorda com este artigo, venha fazer parte da rediscussão da ACID e caminhar conosco na Chapa 1. Muito mais que um pedido de voto, este artigo é um convite para redescobrirmos o movimento associativo empresarial.

Bom fim de semana a todos.