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Entre a cruz e a espada

Já pararam para pensar quantas decisões tomamos por dia? Das mais simples às mais complexas,
quantas seriam? Verdadeiramente, não faço ideia! Mas uma coisa é certa: tomar decisões é uma coisa que
faz parte da nossa vida!

Pensando nisso, resolvi dividir com vocês uma parte de um curso que dou que é o “Processo
decisório nas Organizações”. Sim, decidir é um processo! Se é um processo pode ser estudado, aprendido e
melhorado. Decidir é o ato, mas, para tal existe um importante processo que pode nos ajudar e que é
baseado nas informações.

Quando inicio o meu treinamento pergunto às pessoas: qual é, na sua opinião, os maiores entraves
à uma tomada de decisão? Neste momento aparecem questões como: medo, medo do desconhecido,
insegurança, possibilidade de remorso, medo das consequências…
Vou narrar aqui uma cena do filme limite vertical, produzido nos anos 2.000 com direção de Martin
Campbell e que foi distribuído pela Columbia Pictures.

Uma equipe de alpinistas liderada por uma jovem determinada enfrenta condições climáticas
adversas ao tentar chegar ao cume do K2, a segunda maior montanha do mundo. Durante a
subida, ela, seu irmão e seu pai, após um acidente, ficam presos e dependurados em uma
corda, que está presa a um único gancho. A posição de cada um é a mesma que foi narrada: o
pai está por último, o irmão no meio e ela, acima do irmão e mais próxima do gancho. Ao
perceber que um único gancho não aguentaria, ela grita por ajuda do Pai, um alpinista
experiente, que a orienta colocar um outro gancho na fenda para então suportar o peso dos 3.
Entretanto, ela não está perto o suficiente da parede para a fixar o outro gancho e, quanto mais
ela mexe, mais se move o único gancho que está suportando ela, seu irmão e seu pai. O pai, ao
ver que não seria possível fixar um gancho e que o atual não resistiria por mais tempo, ordena
que o filho, que está logo acima dele, pegue sua faca e CORTE A CORDA ABAIXO DELE, de forma
que ele, o Pai, caia e alivie o peso do gancho, evitando a ruptura do mesmo e assim, salvando
os irmãos.

Eis a pergunta! Eis a decisão! Se você fosse o irmão, cortaria a corda matando o seu Pai, preservando
a sua vida e a da sua irmã ou não?

Para cada escolha uma renúncia!

Para cada escolha uma consequência!

Se decidires com a emoção, não cortarás a corda. Se for com a razão, cortarás a corda, afinal, você
preservaria 2 vidas, já que, se nada fizesse os 3 cairiam e morreriam.

Há ainda os que dizem que fariam diferente: jogariam a faca para o Pai, para que ele decidisse o
destino dele.

Pense nos profissionais de saúde de um hospital público lotado e sem leitos. Pensou? Já imaginaram
que estresse: decidir quem vive ou quem morre. Decidir quem será atendido e quem será deixado para
trás. Medo, medo do desconhecido, insegurança, possibilidade de remorso, medo das consequências…
como ficam esses sentimentos nestes casos?

Perceba que a decisão não é, neste caso, o mais importante, mas sim, em que você se baseou para
decidir! São nas informações, nos estudos, nos fatos e nos dados que você precisará se ancorar para
decidir.

No caso da família acima, se o filho corta a corda, ele seria julgado pela crítica, como sendo a pessoa
que matou o Pai, mas, se ele decidisse nada fazer, a culpa seria do gancho que não aguentou. Percebam
aqui a armadilha para o processo decisório: se eu decido, a responsabilidade é minha! Se não decido, a
responsabilidade é do externo, do destino…

Momento muito oportuno para o nosso artigo de hoje, não acham? Se os governantes liberam as
pessoas para saírem de casa e mais mortes ocorrem, a responsabilidade será deles. Se não liberam, ainda
que mortes aconteçam e tudo desande, a responsabilidade seria de quem?
Por fim, cabe lembrar também, que, ao contrário de que muitos pensam, A NÃO DECISÃO, também
é uma decisão e que gera responsabilidades para a pessoa que não decidiu, ainda que ela se ancore na
desculpa do fator externo.

Grande de abraço, cuidem-se e bom fim de semana a todos!

(contato@professormarcosfabio.com.br)