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Direitos adquiridos, até quando?

Postado 21 de Novembro de 2016

* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira

 

Imagine a seguinte situação: uma loja conquista uma carteira de 3.000 clientes que lhe rendem uma venda mensal de R$ 300.000,00. Isso daria uma venda média de R$ 100,00/mês por cliente. Imagine também que essa empresa, independente da forma como trata os seus clientes ou da situação econômica do país, tenha conquistado o direito de exigir que esses clientes continuem comprando a média de R$ 100,00/mês. 

Mesmo que uma outra loja, melhor, mais moderna e mais completa inaugure na cidade, você cliente está preso à loja inicial pois ela possui sobre você o direito adquirido de você ser sempre obrigado a comprar nela pelo menos R$ 100,00/mês. UM ABSURDO! CONCORDAM?

Pense agora em outro exemplo: você possui uma pessoa que ajuda a olhar o seu filho enquanto você trabalha e, por direito adquirido, você além de pagar tudo que é devido a ela ainda tem a obrigação de continuar a pagar o salário dessa pessoa, mesmo que seu filho já esteja crescido, maduro e dando conta de si próprio. Neste momento, ela resolve aposentar e você tem que continuar a pagar o salário dela até que ela morra. Para piorar, a filha mais nova dela ainda é menor e passa a ter direito na pensão da mãe que deverá continuar a ser paga por você. Depois disso tudo, eu lhes pergunto: ISSO FAZ SENTIDO? 

É claro e obvio que não faz. Não faz, nunca fez e nunca fará! Temos que abrir essa discussão queiramos ou não, pois, caso contrário, continuaremos a ter o que sempre tivemos, ou seja, nada. Ou melhor, um bando de governantes dizendo que pode resolver o problema, quando o que acabam fazendo é criar medida paliativas que geram alívio imediato, mas que não resolvem a causa raiz.

A fato é simples: ou aceitamos que as coisas mudaram e que o estado Brasileiro não aguenta mais bancar tantos direitos adquiridos ou vamos quebrar. Nós mudamos e estamos vivendo mais. A lógica do mundo mudou e não é mais aquela de anos atrás quando tínhamos 10 trabalhadores ativos bancando 1 aposentado. Hoje a conta está quase 1 para 1 ou seja, 1 trabalhador ativo bancando um aposentando. Nesta equação, vamos fazer as constas veremos que ela não fecha. Vamos ao exemplo: Um jovem que se inicia no mercado de trabalho aos 20 anos de idade, ganhando R$ 880,00/mês pagará de INSS até os 65 anos um total de R$ 42.099,20. Ao se aposentar aos 65 anos e considerando que ele morrerá aos 75 anos, recebendo mensalmente os mesmos R$ 880,00, nestes 10 anos de aposentadoria ele receberá 114.400,00, ou seja 72.300,80 a mais que pagou. 

Fiz essas contas de forma mais genérica e desconsiderando a inflação e correção monetária, pois incluir a correção aqui só complicaria o exemplo e não geraria alteração proporcional na diferença entre o valor pago e o valor recebido, uma vez que ambos seriam também corrigidos pela inflação e correção monetária.

Assim, nobres amigos, preciso lhes dizer que até entendo a dor de quem está perdendo direitos, mas se não pararmos para enxergar as coisas como elas sempre foram de fato, continuaremos a buscar um salvador da pátria que nunca virá!