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Como você vende sua empresa para seu filho?
Postado 11 de Outubro de 2016
* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira
Não sou uma pessoa apaixonada por futebol e nem entendo muita coisa sobre este universo. Entretanto, tenho muitos amigos apaixonados por esse esporte. Mas, o que isso tem a ver com o tema dessa semana?
Pois bem, vou usar o exemplo do futebol para explicar: um de meus amigos, cujo filho acabou de vir ao mundo, já postou fotos e mais fotos em seu perfil do facebook de seu herdeiro vestindo a camisa do seu time de coração. A criança, que mal sabe o que é uma letra do alfabeto, já começa desde cedo a ser influenciada a gostar de um determinado time de futebol. Ou seja, independente do time ser um grande vencedor ou não, o grande orgulho do pai é fazer do seu time, o time do seu filho.
Falando agora do universo empresarial, já há algum tempo que a nova geração de pais deixou de obrigar os filhos a seguir a sua profissão. Até aí tudo bem. Respeitar o gosto e a vocação dos filhos é uma coisa, mas, isso não impede de você fazer uma boa venda da imagem de sua empresa para os seus filhos. Infelizmente, porém, o que é muito comum hoje no seio da família empresária, é um comportamento contrário ao que o pai apaixonado pelo seu time faz com o filho: ao invés de vender uma boa imagem da sua empresa para os filhos, o conselho é totalmente o inverso: “Vai estudar para ser um médico, um engenheiro, um advogado ou outra coisa qualquer, pois, ser dono de empresa é um calvário!” É só estresse! Funcionários descomprometidos; cliente cada vez mais exigente; impostos; leis ambientais… Só problema, dor de cabeça!
É no mínimo estranho! Por mais que o time perca ou decepcione, o pai ainda continua a elogiar o time do coração, sempre apresentando argumentos que sustente a sua paixão. Já a empresa, que sustenta a família e que irá sustentar o estudo dos filhos, é execrada, massacrada e eleita como um caminho a não ser seguido. Apesar disso não ser a regra, esse comportamento é extremamente comum, principalmente, no universo da pequena empresa.
O que eu quero lhes dizer, é que somos tão bons para vender uma imagem negativa de nosso negócio para os filhos, que, desde o berço, os desencorajamos a seguir no nosso negócio. Porém, nos esquecemos que o filho sucessor poderia vir para o negócio desde cedo, com uma nova cabeça, aplicando o que aprendeu na faculdade e fazendo diferente. O casamento entre a experiência do pai e a juventude e conhecimento do filho poderia gerar uma dupla fantástica a ponto de eliminar os problemas que o pai, sozinho, não conseguiu resolver. Ao invés disso, o filho é educado a começar um negócio do zero, tendo que aprender fora um algo totalmente novo.
Querem saber o resultado disso? Famílias donas de boas empresas, mas, sem sucessores!
E quando os pais vierem a se afastar do negócio, o que fazer? Fechar? Deixar que o filho assuma, mesmo sem entender nada? Deixar na mão do funcionário mais antigo? Ou, vender a empresa?
Não penso que devemos obrigar os filhos a seguirem o negócio dos pais, mas também, não penso que devemos desencorajá-los. Quantos pais educam os filhos para torcer pra outro time? Então, porque fazemos isso com a empresa da família? Achar que a realidade dos outros negócios (ou profissões) é melhor que a da nossa empresa, nada mais é que a síndrome da grama do vizinho?