Cases

Como a Gestão de Fluxo de Caixa salvou um negócio durante a pandemia

FOCO: GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA

Todos os dados, bem como o nome da pessoa, cidade e empresa, foram alterados para preservar a identidade do cliente.

 

1- O CONTEXTO

Uma loja de roupas do segmento masculino da região metropolitana de BH se encontrava em uma situação desconfortável de caixa, com vendas abaixo do esperado. Diante da dificuldade de encontrar a causa de suas dores, a empresária nos procurou querendo vender o negócio.

 

2- O DIAGNÓSTICO

Inicialmente fizemos um levantamento de dados da empresa, buscando as seguintes informações:

  • Custos fixos e custos variáveis;
  • Média de pagamento de impostos;
  • Despesas de comercialização;
  • Custo da mercadoria vendida;
  • Inventário do estoque tanto em valor contém quantidade;
  • Busca e análise de indicadores comerciais e analisando: curva abc de produtos, clientes e região.

O estudo revelou em números a real situação da empresa:

  • Estoque muito elevado (10 meses de faturamento, se formos considerar o valor do estoque a preço de venda);
  • O ativo circulante não era suficiente para pagar as dívidas de curto prazo;
  • Mesmo com estoque elevado, a empresa, para continuar vendendo, precisava continuar comprando, o que revelou um alto índice de obsolescência de estoque;
  • O valor de pagamento a fornecedores no mês superava 75% do recebimento médio da empresa, faltando recursos para pagar os outros custos (fixos e variáveis);
  • Custos fixos elevados, sobretudo, com ocupação.

 

3- A ESTRATÉGIA / SOLUÇÃO

A primeira coisa que fizemos foi construir um fluxo de caixa, colocando todas as despesas (fixas e variáveis e compromissos já assumidos) no fluxo para os próximos 12 meses;

A partir da análise do histórico de faturamento fizemos as projeções de vendas, levando em consideração as vendas à vista e a prazo;

Com esta medida conseguimos construir um fluxo bem próximo da realidade, verificando qual seria a necessidade de caixa mensal;

Como empresa possuía capital em forma de estoque, precisávamos transformar esse estoque em capital novamente. Para isso, fizemos uma análise da curva abc de vendas de produtos, o que nos permitiu verificar os produtos que mais giravam;

Empreendemos então uma série de promoções e liquidações dos produtos que menos giravam para recuperar o capital investido;

Implementarmos um limite de compra a 45% do valor médio de recebimento projetado, o que obrigou empresária a renegociar prazos de produtos já comprados, e, em alguns casos, a realização de devolução de mercadorias compradas e que não se enquadrava no novo critério técnico de compra estabelecido por nós; Esse critério de compra foi estabelecido a partir do perfil da venda das mercadorias.

Fizemos uma revisão do mix de produtos, estabelecendo limites de compra (orçamento) a partir de uma pirâmide de preços onde:

  • 20% do orçamento de compra deveria ser destinada aos produtos mais caros;
  • 30% do orçamento de compra deveria ser destinado aos produtos de preço intermediário e;
  • 50% do orçamento de compra deveria ser destinado aos produtos de preços mais baixos de melhor giro; para esta última ação, foi necessária a busca de um novo fornecedor que tivesse um posicionamento de preço que atendesse à essa estratégia.

Aproveitamos o momento de pandemia para suspender temporariamente o pagamento de aluguel e, após a formação de um caixa, procuramos a proprietária para negociar pagamento à vista, o que nos rendeu um desconto de 50% no valor do aluguel do período;

Também fizemos uma revisão no rol de fornecedores, evitando trabalhar com fornecedores com prazo médio de reposição muito longo, o que obrigava empresa a fazer pedidos grandes para prazos muito distantes (em algumas situações a empresa tinha que fazer pedidos no mês de maio para receber em novembro). A política dessas marcas inviabilizava qualquer planejamento de compra.

 

4- RESULTADO

A empresa que em dezembro de 2019 estava com menos de R$10.000 em caixa, em 31 de agosto de 2020, mesmo com advento da pandemia e tendo ficado fechado por três meses, se encontra com mais de R$240.000 em caixa e agora com estoque de três meses do seu faturamento a preço de venda;

A empresa ficou mais leve e, os limites de compra implementados, educaram a empresária a realizar compras mais assertivas;

A empresa recuperou caixa e reduziu o seu estoque.

Estamos discutindo agora a redução do tamanho da loja que atualmente ocupa duas lojas pagando dois aluguéis.

 

Cases