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Afinal, quem nos governa?
* Por Marcos Fábio Gomes Ferreira
Quem aí gosta de política? Com certeza, muitos neste momento devem estar torcendo a cara ou soltando um “credo”, “Deus me livre”, ou outra coisa parecida.
Estamos tão decepcionados com a política que essa semana, conversando com um prefeito de uma cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, ele antes mesmo de continuar o assunto após sermos apresentados, já foi logo me dizendo: “Não sou político! Sou empresário e estou no meu primeiro mandato como prefeito”! E este fato não é isolado. Muitos gestores públicos honestos e competentes que conheço, mesmo estando na política, fazem questão de dizer que não são políticos.
O político de carreira ficou mau visto e virou sinônimo de corrupção, falcatrua e roubalheira. Entretanto pense e reflita: esse problema é dos “políticos” ou dos seres humanos? Precisa ser político para roubar, corromper ou dar um drible na lei? Posso enumerar aqui vários e vários delitos cometidos no dia a dia por nós mas que, por serem pequenos, achamos que não tem problema. De um simples preenchimento de um cartão de estacionamento rotativo em que colocamos a hora de chegada acrescida de alguns minutos para o cartão durar mais, até a lembrancinha dada ao comprador de uma empresa para que ele não se esqueça de você, o desvio da conduta ética está presente.
Não quero aqui parecer ser o santo, até mesmo porque não sou, mas eleger os políticos como um grupo demoníaco e dar a eles o status de causa de toda a desgraça desse país já é um pouco demais!
Tenho outra teoria: gostamos sim de política e de político! Adoramos ver nossa foto estampada ao lado de alguém importante (porque assim parecemos ser importante). Quantas pessoas conheço que dizem conhecer artistas, jogadores de futebol, empresários, políticos, advogados, como se isso pagasse as suas contas, mas, bem lá no fundo, isso só serve para demonstrar poder, status, ou, até mesmo uma intenção de que suas contas sejam pagas. Aí eu me pergunto: o que essa pessoa faria se estivesse no poder?
Ontem, quando estava num evento aguardando a minha vez para entrar no palco e fazer uma palestra, escutei uma frase de outro palestrante (quase xará meu – Marcus Alexandre) e que foi para mim a melhor síntese para aqueles que dizem não gostar de política. Ele disse: "Ou aprendemos a gostar de política e nos engajamos no processo para fazer a mudança que tanto queremos ou continuaremos a ser governados pelos que gostam de política".
Penso que todos devem pensar sobre isso e refletir que, se realmente queremos mudança, devemos ser a mudança que queremos. Por onde começar? Não precisa necessariamente se candidatar… comece estudando, lendo, se informando melhor…busque, debata, seja cidadão pleno e entenda que ser cidadão é também ser político.
Do contrário, continuaremos a perpetuar o modelo de “eles, os políticos, e nós, os coitadinhos”.
Bom fim de semana a todos!